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As pessoas do mundo MEO dizem, ao pai mafarrico, que o assunto é complexo. As pessoas do mundo TMN pedem para ligar para um número qualquer do mundo TMN e despedem-se sempre com simpático “Até já” no final do mail. O pai mafarrico dá-lhes o seu número de telemóvel (que não pertence ao mundo TMN) e pede-lhes que sejam eles a ligar-lhe, terminando igualmente com um “Até Já”. Fica depois, ansiosamente, a aguardar que o seu telemóvel toque. Mas, tal como acontecia na sua adolescência (com determinadas mafarricas a quem o pai mafarrico dava o seu número de telefone) ninguém lhe liga, pelo que fica um pouco abatido (principalmente pelas tristes recordações da sua adolescência que isso lhe provoca).
No meio de tudo isto a mãe mafarrico arranjou assunto de conversa para os serões nocturnos, deixando de telefonar à sogra mafarrica.
O pai mafarrico cada vez está mais abatido com tudo isto e mais abatido fica quando recebe duas cartas. Uma do mundo TMN dizendo que se não pagar a mensalidade, cortam-lhe o serviço de banda larga móvel, devendo depois pagar mais uns 30€ para o reactivar. E do mundo MEO transformaram um complexo problema, numa simples resposta de um parágrafo:
"Após análise dos nossos sistemas de informação relativamente ao Serviço Banda Larga Móvel, não verificamos qualquer incorrecção aos valores facturados. Face ao exposto não nos é possível deferir o pretendido." – digo, e volto a repetir o mesmo parágrafo, talvez levado pela emoção, num tom um pouco mais elevado.
- Pai. Pára! Essa história já me está a chatear e não tem piada nenhuma- diz-me ela enquanto lava os dentes. Mas agora já nada me podia parar...
- O pai mafarrico, depois dos “Até Já”, das vozes simpáticas que ouvia quando telefonava para o mundo MEO, da solidariedade que sentia nessas pessoas, das simpáticas trocas de mail, sentiu, nesta fria carta, uma certa atitude de rejeição e, mais uma vez, momentos dolorosos da sua adolescência lhe vieram à mente.
Voltou a mandar mails, a telefonar, a enviar comprovativos que provavam que não tinha tido gasto a Internet que lhe diziam. Telefonou até para o mundo TMN onde, após 4 € de conversa, lhe deram razão, e lhe deram outro número (TMN) para ele ligar e onde após, mais uns 5€ de conversa, percebeu que alguém, do Universo PT, tinha escolhido, por ele, um tarifário banda larga à sua medida (tal e qual o mesmo comportamento que a mãe mafarrico tinha quando compra roupa ao pai mafarrico).
O pai mafarrico cada vez se sentia mais isolado. Do mundo PT voltaram a dizer-lhe que o seu assunto era complexo, pelo que aguardou mais uma carta de rejeição. Do mundo TMN, pouco ou nada lhe diziam. A mãe mafarrico, no meio de tudo era aquela que ainda dizia mais. O pai mafarrico sentiu que tudo isto lhe estava a afectar a qualidade da sua vida matrimonial, devido, não só, às constantes recordações da adolescência, mas também pelo perda frequente de séries da TV por a mãe mafarrico lhe exigir interactividade nas conversas sobre este problema. Percebeu, no meio disto tudo que, dentro do Universo PT, os mundos, que lá existem, não se entendem uns com os outros. Um mundo dizia que a culpa era do outro e o outro dizia que era do um. E no meio de tudo isto, o pai mafarrico servia como simples mensageiro. Um dia fartou-se e resolveu escrever para a Defesa dos Enganados pelos Universos Sobranceiros (DEUS). Com a ajuda de DEUS, o pai mafarrico conseguiu, finalmente, que alguém do Universo PT lhe telefonasse e lhe dissesse que tudo iria ser resolvido, tal como o pai mafarrico desejava.
- Porra pá!!! Até quando é que vais continuar a inventar histórias que contam sempre a mesma merda? Queres que te diga que és um herói? Desliga mas é a luz e vê se dormes e me deixas dormir. Que trauma de merda tu apanhaste com essa história. Se me deixasses ser eu a resolver o problema, garanto-te que a essa história não durava metade do que durou. Vê lá agora se a esqueces e me deixas dormir em paz. – diz a minha mulher, ainda irritada, certamente pelo que se passou ao jantar, antes de me obrigar a desligar a luz e a virar-me para o outro lado da cama.
- Agora o pai mafarrico vai pedir ajuda a DEUS para que o Universo Caixa Geral de Depósitos o trate como deve ser e deixe de lhe cobrar, todos os anos, um prémio de seguro errado. – digo baixinho e com um sorriso maquiavélico, antes de levar com uma almofada na cabeça.