Visitas Obrigatórias:
- Pai, não gosto da comida.- diz ela, mal disposta.
- Eu também não, mas já a consegui acabar. – digo, com algum mal estar.
- Vocês são uma cambada de ingratos. Qualquer dia deixo de vos fazer comida. – responde a causadora de toda esta agonia. Deixando depois a cozinha (bastante irritada), só porque a sua última frase nos provocou um bater de palmas, totalmente espontâneo.
- Conta-me uma história para me ajudar a comer. – pede-me ela, após mais uma garfada e respectivo esgar.
- Era uma vez – começo – num país muito, muito perto, uma família muito feliz de mafarricos…
- O que são mafarricos? – interrompe-me ela.
- Se me voltas a interromper, meto-te mais comida no prato.
- Desculpa. Podes continuar.
- Havia o pai mafarrico, a mãe mafarrica e a filha mafarrica. Viviam muito felizes dentro da sua casinha. Um dia bateram à porta e a mafarrica mais pequena foi abrir. Era um mafarrico muito elegante, o qual, mal viu a porta a abrir, entrou na casa e afirmou que estava ali para mudar a vida dos mafarricos. Muito bem falante, começou a contar sobre as maravilhas que tinha ali numa caixa que trazia, bem escondida debaixo da sua capa. Dizia que, com aquela caixa, mundos desconhecidos iriam aparecer, por magia, à frente dos olhos. Dirigiu-se à mafarrica mais pequena e contou-lhe de mundos com desenhos que se mexiam e de brinquedos que ganhavam vida. Para o pai mafarrico, falou em mundos de comédia e drama, para a mãe mafarrico falou em mundos de moda e decoração, o que levou a uma discussão da mãe mafarrico sobre os porquês do mafarrico bem falante assumir que, por ela ser mafarrica, só lhe interessavam os mundos de futilidades. Mas a discussão depressa acabou, quando a mãe mafarrico se lembrou, em pânico, que ainda não tinha escolhido a roupa para a filha mafarrico levar no outro dia à escola.
O mafarrico bem falante, falou ainda de chamadas telefónicas de borla, o que fez os olhos do pai mafarrico brilharem, ao pensar que a mãe mafarrico poderia agora ficar horas a falar com a sogra mafarrico e assim deixar mais tempo o pai mafarrico em paz. Falou também de uma Internet sem limites. Da possibilidade de terem também acesso a essa rede quando vão para fora, o que fez, mais uma vez, os olhos do pai mafarrico brilharem, ao pensar que assim já não lhe iria custar tanto ir visitar a sogra mafarrico.
Antes que a mãe mafarrico acabasse de escolher a roupa da filha mafarrico, o pai mafarrico assinou um papel que lhe deu entrada nesse fantástico mundo da MEO.
A mãe mafarrico fartou-se de gritar com o pai mafarrico, por ele ter assinado o papel sem ela ser tida em conta, mas o pai mafarrico não ligou muito. Ainda tinha os olhos a brilhar.
Tudo foi tratado e tudo foi resolvido, e no inicio tudo correu como o mafarrico elegante tinha prometido: o pai mafarrico e a filha mafarrico bulhavam pelo telecomando e a mãe mafarrico gastava a sua voz a falar com a sogra mafarrico, e em casa dos mafarricos a paz estava instalada.
Mas um dia, o pai mafarrico recebeu dois papéis. Um do mundo Meo e outro do mundo TMN. Esses papéis deixaram o pai mafarrico furibundo. Neles estava escrito que o pai mafarrico tinha que pagar muito dinheiro pela Internet móvel à Meo e uma assinatura pelo uso da mesma Internet Móvel, à TMN.
Foi a partir desse dia que tudo mudou e o mundo de paz destes mafarricos terminou…