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- Já pensaste porque é que ainda estamos juntos? – pergunta-me ela depois de um longo telefonema com uma amiga comum que nos informou que se ia divorciar de, também, um amigo em comum.
- Sim! Sempre que tu rejeitas os meus avanços! – respondo eu.
- Não sejas parvo. Estou a falar a sério. Do nosso grupo da Universidade somos praticamente os únicos que ainda estamos juntos.
- Queres mesmo saber a minha opinião sobre isso?
- Sim.- pergunta ela, parecendo-me meio assustada com o que eu poderia vir a dizer
- A verdade é que todos os machos no nosso grupo fizemos uma aposta para ver quem é que aguentava mais tempo a aturar uma mulher. Adivinha quem ganhou? – pergunto-lhe - Por isso vou agora ali fazer as malas e vou-me embora, que o meu tempo de clausura terminou.- digo, talvez demasiado entusiasmado com a magnifica representação que estava ali a dar.
- Não estou com vontade de brincadeiras. Este telefonema deixou-me triste. - diz ela, trazendo-me de volta à realidade
- A mim também. Sempre que alguém, a quem fomos ao casamento, nos informa que se vai divorciar, apetece-me pedir-lhe de volta o dinheiro que lhe dei, com juros.- digo, com sinceridade.
- Será que um dia também vamos ficar assim….distantes.-pergunta ela, fazendo a sua habitual cara de preocupada, a qual despertou a minha imaginação de uma forma estranha, tendo acabado por ficar na cabeça com uma imagem da cara de José Rodrigo dos Santos, após ver uma suposta reportagem sobre velhinhas a fazer strip num bairro de Alfama.
- Não sei. Deixa-me ver televisão. - digo-lhe eu, mais com o intuito de libertar da minha cabeça daquela estranha e bizarra imagem de mamas flácidas e cus descaídos.
E pronto. Lá começou ela com conversas de chacha, as quais incluíram uma passagem pelo histórico da nossa relação e a levaram a fazer comparações sem sentido com a actualidade, tendo eu o cuidado de argumentar que nesses “velhos tempos” ainda não tínhamos dinheiro para TV por Cabo.
“Para mim o tema 'rotina num casamento' não passa de um cliché usado como desculpa por homens fracos e mulheres frigidas.” Eis outra das coisas que lhe disse, quando finalmente houve um intervalo no “Boston Legal”. E isto realmente é o que eu penso. Se num casal existe a chamada rotina é apenas porque as pessoas estão fartas. Numa relação a dois não pode haver rotina, a não ser em certas posições sexuais (mas isso deve-se apenas a certas limitações físicas!). A relação num casal deve ser sempre levada aos extremos, tentando alcançar sempre mais uma meta, mais um ponto de referência. E como é que isso se consegue? Provocando as nossas mulheres, claro. Uma mulher provocada é uma mulher que não pensa e uma mulher que não pensa é uma mulher feliz. Afinal temos que nos lembrar que as mulheres, ao contrário de nós homens, tem um defeito genético qualquer que faz com que, quando estão a ver televisão, continuem a pensar.