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Esta noite acordei com a minha mulher a sair do quarto com a mochila às costas. Olhei para o beliche do lado e o sargento-mor ainda ressonava, pelo que ainda não tinham passado as três horas de sono a que temos direito.
Entretanto começo a ouvir alguém a assobiar do lado de fora. Vou à janela e está um moço a mandar pedrinhas à casa de banho para onde eu vi a minha mulher ir. Começo a pensar que se calhar ainda estou a dormir e que aquilo é um sonho estranho, resultado do cansaço acumulado.
- Já estás acordado? - grita o sargento-mor - Ainda temos mais 45 minutos de repouso. Se eu fosse a ti aproveitava. - diz virando-se e começando imediatamente a ressonar.
- Estás a ser enganado. -Começam a dizer as vozes que passei a ter na minha cabeça.
- O melhor é fazeres alguma coisa. - continuam elas.
- Mas que merda. Eu apenas levei a mochila para a casa de banho para não vos acordar ao procurar o repelente de mosquitos. O que se passou contigo para fazeres isto ao moço? - pergunta-me ela enquanto se esforça para reanimar um italiano alcoolizado que aparentemente se enganou na janela onde queria bater.
Não me preocupou tanto o estado em que deixei o moço, pois entre as minhas faltas de força, causadas pelas marchas, e a bebedeira dele, nada de especial aconteceu.
O que realmente me preocupou foi o entusiasmo e a gritaria que davam as vozes na minha cabeça numa viagem que deveria ser zen.