Visitas Obrigatórias:
Pai que é pai tem que ter tempo para brincadeiras com os seus rebentos, uma das preferidas da minha filha é bulhar comigo. Aliás, esta é também uma das brincadeiras preferidas da minha mulher (no caso dela é mais implicar, mas vai dar ao mesmo). Tanto num caso como noutro finjo que sou muito fraquinho e deixo-as ganhar, até porque se isso não acontecer fazem birra: “Tu não és o dono da verdade.” diz a minha mulher, nessas ocasiões.
Outra das brincadeiras que a minha filha gosta e que descobriu recentemente, foram os playmobil. Este fim de semana, tivemos uma maratona de playmobil, enquanto a mãe trabalhava na sua tese. Aqui mais uma vez, e embora a tenra idade da moça, saltam à vista as diferenças entre homens e mulheres. A moça escolheu a boneca mais maricas, construiu uma casa, colocou a mobília nos sítios certos, definiu o que eu, como boneco macho, podia ou não fazer, colocou-me fora de casa por não querer cumprir determinadas regras e, no fundo, fez do meu boneco o que queria. Senti-me tão embrenhado no meu papel e com uma empatia tão grande para com o pobre boneco que dei por mim a despejar impropérios menos dignos para o mundo dos bonecos. Tal como acontece na realidade, o meu boneco ficou de castigo e não pode assistir ao desfile das Barbies, tendo sido obrigado a ficar em casa, sem poder ver televisão. Por considerar que o boneco não tinha que ser ignorado desta forma, manifestei a minha profunda indignação, e disse que ia formar a minha própria tribo de playmobil. Agarrei então numa série de bonecos e objectos desprezados e fui construir a minha cidade para um dos cantos opostos do quarto, e foi então que a guerra estalou:
- Pai, não podes falar mais baixo? Os meus bonecos estão a dormir.
- Desculpa, mas já é de manhã. Os meus bonecos estão-se a preparar para ir trabalhar.
- Pois, mas os meus ainda precisam de descansar, pois estiveram toda a noite a limpar a porcaria que os teus bonecos deixaram, quando se foram embora. - diz ela, provocando-me.
- Os meus bonecos podem ser mais porcos, mas também são mais divertidos do que os teus.
- Não são nada.
- São sim. Olha para eles todos contentes.
- Os meus também estão contentes, pois agora estão sossegados e não têm que aturar os teus.- continua a provocadora.
- Sim, está bem. Deixa-me em paz. Os meus bonecos têm que ir para o trabalho.
- E o que é que eles fazem?
- Caçam os teus bonecos.
- MÃÃÃÃÃÃÃÃEEEEEEEEE!!!!!!
E por mais que eu tentasse explicar as provocações a que fui sujeito, e que, na falta de um irmão para a arreliar tenho que ser eu, como educador, a desempenhar esse papel, continuei a levar uma seca sobre idades e qual é, no entender muito limitado da minha mulher, o único papel que devo desempenhar.